Como Tudo Começou:
No início do ano letivo eu e um grupo de estudantes estávamos nos reunindo com a intenção de criarmos um vídeo apresentando os estudantes da Escola Jorge Lacerda fora do ambiente escolar. Sabemos que muitos praticam esportes, outros desenvolvem atividades artísticas, muitos tem habilidades tecnológicas e temos também os empreendedores.
A intenção era conhecer melhor os discentes, elevar a autoestima dos jovens, valorizando e ressignificando o repertório de saberes que os estudantes trazem consigo e também inspirar outros que afirmam erroneamente não terem “nenhum talento ou habilidade”.
Com o início da Pandemia e do decreto estadual promovendo o isolamento social tivemos que repensar o projeto e decidimos alterar o formato de vídeo para revista digital.
O afastamento repentino da escola, os noticiários diários de mortes e doentes pela Covid-19 e também pela Dengue em nossa cidade, causam grande abalo emocional, principalmente aos jovens que tem na escola um espaço importante de sociabilidade, do qual no momento estão privados.
A palavra talento era uma unidade de massa usada na antiguidade para designar grandes quantidades de ouro ou prata. Nas sociedades contemporâneas essa expressão confunde-se com habilidade, capacidade, desenvoltura para determinado campo do saber.
Além de apresentar os seus talentos os estudantes realizam pesquisas relacionadas aos temas abordados.
Não se trata de nenhum guia das profissões, absolutamente, a revista é um instrumento de valorização dos educandos, um elo de afetividade nesse momento difícil para todos nós.
A descoberta desses talentos é resultado de pesquisas que fizemos junto aos estudantes utilizando a ferramenta Google Formulários e entrevistas feitas pelo aplicativo WhatsApp.
A revista será publicada mensamente e contemplará 3 a 4 estudantes ao longo de cada edição, assim até o fim do ano, divulgaremos os talentos dos jovens estudantes da escola Jorge Lacerda.
O projeto preconiza de forma empírica aspectos importantes das competências socioemocionais como a empatia e a autoestima, fundamentais para possibilitar o convívio harmônico em sociedade.
Idealizadora: Professora Angela Maria Vieira
Capa e edição: Antonia Jesus de Paula Rodrigues Pinheiro, 1º4
ENTREVISTADO: RAEKWON WILLIAN COSTA DE SOUZA
Estudante do Ensino Médio 1º ano 4
Habilidoso skatista. Resiliente e ousado.
Pergunta: Como e quando você percebeu que tinha essa habilidade?
Resposta: Ando de skate desde os 8 anos, mas era só brincadeira. Aos 14 anos, voltei a praticar, passei a conhecer mais do esporte e me apaixonei. Comecei a levar mais a sério. Pretendo seguir carreira. Se Deus quiser.
Pergunta: Alguém te estimulou nessa habilidade ou te estimula? Quem?
Resposta: Meu primo, que é também meu melhor amigo me incentivou a voltar a andar de skate e ainda me incentiva a não desistir, apesar dos desânimos da vida.
Pergunta: Você faz uso dessa habilidade em sua vida cotidiana? De que forma?
Resposta: Sim, uso diariamente, treino todos o dias, saio às 15:00 horas e retorno quando o “corpo pede”.
Pergunta: Você já participou de campeonatos?
Resposta: Sim, no ano passado em 2019 obtive a colocação de segundo e terceiro lugar em um campeonato que participei aqui em Joinville.
Pergunta: Que tipo de skate você pratica?
Resposta: Sou skatista de rua (Skateboard Street). Ando em qualquer “pico de rua”.
Pergunta: O que são picos?
Resposta: São bordas, escadas, bancos da cidade que servem para fazer as manobras.
Pergunta: Quem você acompanha nesse esporte?
Resposta: Eu curto Tiago Lemos, Shane O’Neill, Chris Joslin, JP Dantas.
Pergunta: Quais são os seus planos para o futuro?
Resposta: Continuar treinando. Eu e alguns amigos pretendemos ir para São Paulo, conhecer as pistas, gravar manobras dos skatistas para utilizarmos futuramente.
Pergunta: Por que São Paulo?
Resposta: Porque lá tem os melhores picos de rua e os melhores skatistas. Pretendemos fazer algumas filmagens para produzir um vídeo sobre skate (skate part).
Pergunta: Você pretende seguir carreira com o skate?
Resposta: Sim, pretendo seguir carreira, viajar o mundo, conhecer pistas de skate, fazer amizades, levar esse esporte para o resto da minha vida e passar para os meus filhos.
Pergunta: A sua predileção pelo skate é bem aceita pelos seus familiares?
Resposta: Minha família não aceita muito bem, minha mãe principalmente, ela prefere que eu faça uma faculdade, mas sigo firme e forte com meus objetivos.
Para ver as manobras de Raekwon acesse o Insta: r-wcsk
ENTREVISTADA: SABRINA CRISTINA FERREIRA
Estudante do Ensino Médio. Turma: 3º 2
Promissora Arqueóloga e Historiadora. Firme em seus objetivos.
Pergunta: Quando você despertou para a arqueologia?
Resposta: Nas aulas de história fiquei interessada pelo estudo de povos antigos. Comecei a pesquisar vídeos no youtube. Descobri muita coisa interessante, escavações no Egito e no Peru.
Gosto muito de um canal chamado Mundo Desconhecido e Universo Curioso. Assisto também documentários do Discovery History.
Pergunta: Você pretende investir na carreira de arqueóloga?
Resposta: Provavelmente sim, mas quero me formar em história primeiro.
Pergunta: No ano passado você participou com a Professora Angela da escavação do Sambaqui Morro do Ouro promovido pela Universidade de York. O que achou dessa experiência?
Resposta: Muito interessante, pude entender como uma escavação funciona na pratica. O trabalho minucioso que é feito em cada etapa.
Pergunta: Sua família apoia esse seu interesse pela arqueologia?
Resposta: Sim, minha mãe é uma grande incentivadora. Sei que posso sempre contar com ela.
Pergunta: Que recado você daria aos jovens que assim como você já tem um objetivo?
Resposta: Para não desistirem dos seus sonhos, por mais que possa parecer difícil no final será recompensador.
No ano de 2019 levei os estudantes do 2º ano para presenciarem uma escavação arqueológica no Sambaqui Morro do Ouro, que tem aproximadamente 4 mil anos e situa-se no bairro Guanabara, próximo da escola. Essa escavação foi financiada da Universidade de York na Inglaterra em parceria com o Museu Arqueológico do Sambaqui e Univille.
A estudante Sabrina demonstrou muito interesse pela atividade arqueológica, dessa forma conversei com a arqueóloga do Museu Dione Bandeira que permitiu a nossa participação na escavação, encontramos coquinhos, otólitos (Estruturas situadas dentro do ouvido dos peixes está associada à audição e ao equilíbrio do animal), fragmentos de ossos, foi uma experiência muito interessante.
Professora: Angela Maria Vieira
ENTREVISTADA: ANTONIA JESUS DE PAULA RODRIGUES PINHEIRO
Pianista, talentosa desenhista e design. Sensibilidade e perseverança é a sua marca
Estudante do Ensino Médio Turma: 1º ano 4
Pergunta: Como percebeu que tinha essas habilidades?
Resposta: Desenho desde muito nova, mas só ''descobri'' esse talento em 2018.
Pergunta: Alguém te estimulou ou estimula? Quem?
Resposta: Meu pai, ele é um grande incentivador, ele me apoia em tudo o que faço.
Pergunta: Você faz uso dessa habilidade em sua vida cotidiana?
Resposta: Sim, nos trabalhos escolares, no caso do desenho, e também para expressar as minhas emoções.
Pergunta: Você tenciona fazer uso da sua habilidade ou talento na vida adulta? Dê que forma?
Resposta: Sim, pretendo ser ilustradora
Pergunta: A sua habilidade ou talento é bem aceita no seu meio social?
Resposta: Sim, como já citei anteriormente meu pai me apoia muito.
ENTREVISTADO: FELIPE CARDOSO DA SILVA
Estudante do Ensino Médio Turma: 2º1
Dançarino autodidata. Criou um grupo de dança na escola Jorge Lacerda demonstrando altruísmo e liderança.
Pergunta: Quando você percebeu que tinha essa habilidade?
Resposta: Desde a infância. Aos sete anos dançava sozinho em casa, me sentia livre.
Pergunta: Alguém te estimula?
Resposta: Sim, meu namorado, meus pais, minha vó, tia, prima e amigos.
Pergunta: Você faz uso dessa habilidade em sua vida cotidiana? Dê que forma?
Resposta: Sim, sou professor de dança, tenho uma turma de dança na Escola Jorge Lacerda, antes da pandemia todas as quintas nos reuníamos para ensaiar.
Pergunta: Você pretende dar continuidade a essa atividade em sua vida adulta?
Resposta: Sim, pretendo estudar Educação Física.
Pergunta: Quem você admira no mundo da dança?
Resposta: Parris Goebel, Gabriel Henrique Rovatti.
Pergunta: Você já fez algum curso de dança?
Resposta: Não, sou autodidata, participei de um grupo, mas tive dificuldades para me adaptar, as pessoas não estavam lá pela arte, mas por dinheiro. Faltou amor e gentileza.
Pergunta: O que você pensa sobre o Festival de Dança de Joinville? E sobre a Escola de Balé Bolshoi?
Resposta: É um evento muito importante, quase participei uma vez, porém tive problemas particulares. Quanto ao Balé Bolshoi admiro muito os bailarinos.
Pergunta: Por que você resolveu dar aulas de dança na escola Jorge Lacerda? O que te motivou?
Resposta: Para que todos que tenham vontade possam aprender a se soltar mais, ensinar alguma base dos principais passos da dança.
Pergunta: Como funcionam as aulas?
Resposta: Eu peço opinião de músicas e estilos para os alunos, criamos uma coreografia e ensaiamos.
Pergunta: Você acha que deveria ter aulas de dança em todas as escolas?
Resposta: Sim, porque assim como temos aulas de artes, a dança também é uma arte.
Comentários da editora:
Esse jovem é muito talentoso, esperamos que ele que siga em frente com seus objetivos, que continue pesquisando e estudando. Sugerimos que acompanhasse a trajetória da coreógrafa brasileira Déborah Colker.
“A arte é de fundamental importância para a existência humana, não só como lazer, mas como possibilidade de expressão e questionamento”
ENTREVISTADA: VALENTINA FABIOLA ALARCÓN LÓPES
Estudante do Ensino Médio. Turma: 2º1
DA VENEZUELA PARA O BRASIL. INTELIGÊNCIA, SENSIBILIDADE E BELEZA.
Pergunta: Você tem múltiplas habilidades, mas o que você gosta mais de fazer?
Resposta: Modelagem, ou como se fala aqui no Brasil modelo. Desde os seis anos participo de desfiles e concursos. Sou modelo de passarela e fotografia.
Pergunta: Alguém te estimulou nessa habilidade ou te estimula? Quem?
Resposta: Meus pais.
Pergunta: Que concursos você já participou?
Resposta: Participei na Venezuela e no Peru. Aos sete anos eu ganhei o concurso “Mini Miss Oriental da Venezuela”, aos 10 anos participei em Monagas urbana” para ser imagem de uma revista, aos 13 anos ganhei o “Gran Modelo Venezuela” e aos 16 anos representei minha escola em um concurso.
Pergunta: Você pretende continuar participando de concursos?
Resposta: Não. Gostaria de ser somente modelo fotográfico, gosto de ser fotografada e de fotografar.
Queria entrar para uma agência de modelos.
Pergunta: Você se inspira em alguém?
Resposta: Sim, a modelo Angela Ruiz, ela é da cidade de onde venho Monagas. É belíssima e já desfilou com marcas famosas como L’Oréal Paris, Versace, Carolina Herrera. Ela foi Miss Venezuela em 2010.
#ficadica
Escola Teatro Bolshoi (Brasil)
Pesquisa realizada por Vinicius Gabriel Miler, 2º3
A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil funciona desde 15 de março de 2000, na cidade catarinense de Joinville. É a única filial do famoso Teatro Bolshoi da Rússia.
A escola situa-se na Av. José Vieira, 315 no Bairro América. Foi fundada no dia 15 de Março de 2000, conta com 14 docentes e tem 254 estudantes. É possível agendar uma visita a escola. Obviamente nesse período de Pandemia as visitas e as aulas estão suspensas.
LINK COM A HISTÓRIA:
NÃO PODEMOS DEIXAR PASSAR A OPORTUNIDADE DE ABORDAR ESSE TEMA:
A morte de George Floyd, explicita uma ferida aberta nos países em que escravidão se estabeleceu como instituição.
Aqui no Brasil tivemos recentemente os casos de João Pedro, Ágatha e Miguel, crianças que tiveram suas vidas interrompidas por violência policial ou descaso da elite.
Infelizmente nas discussões que realizamos nas aulas de história tenho ouvido expressões como: “Ah, mas os negros também são racistas”.
Gente, não existe racismo reverso, por várias razões, dentre elas pelo fato de nunca ter ocorrido uma escravidão reversa. Não há relatos históricos de navios “branqueiros” só de navios negreiros.
O Brasil recebeu por volta de 4,9 milhões de africanos. Foi o último país em que ocorreu a “abolição da escravatura”. É claro que isso deixou marcas profundas na história brasileira, nosso racismo é institucional e estrutural.
Negar a sua existência, só contribue para que se perpetue, não se trata de esquerda nem de direita é uma questão de humanidade, uma dívida histórica para com o povo africano, suas vidas e sua história foram interrompidas.
Um dos depoimentos mais marcantes que ouvi certa vez de uma aluna foi: “Professora, minha mãe me orientou para que quando eu for o mercado não fique com as mãos nos bolsos, porque podem pensar que eu estou roubando alguma coisa”.
Nesse dia eu senti uma dor tremenda, abracei ela e pedi um “perdão histórico” para essa jovem, que assim como tantos outros são VÍTIMAS dessa coisa horrenda chamada racismo.
Professora: Angela Maria Vieira
Mensagem dos leitores:
Como essa é nossa segunda edição alguns leitores enviaram mensagem que gostaríamos de registrar:
“Como professora de artes percebo que muitos alunos possuem um bom senso estético no desenvolvimento das atividades, mas ficam restritos ao ambiente escolar. Estamos felizes com o resultado do material divulgado. Através desta revista, é possível conhecer nossos alunos além da sala da aula.”
Parabéns a todos os envolvidos. Professora: Andréa Ribeiro Gomes.
“Continuem lutando para realizar os seus sonhos”. Pais
Agradecimento especial à estudante Antonia Jesus de Paula Rodrigues Pinheiro, que realizou a edição da Revista Digital Talentos
Ações de prevenção contra o Coronavírus :
Lavem as mãos constantemente
Cuidem com as fake news
Evitem aglomerações
Usem máscara
Saiam de casa somente em caso de necessidade
Não tomem nenhum medicamento sem prescrição médica
Não é uma gripezinha é uma doença grave
Proteja-se
Joinville, 10 de Junho de 2020.